Carla Zambelli se esquiva da Justiça e se torna problema internacional para Bolsonaro
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que nos últimos anos foi uma das principais vozes bolsonaristas no Congresso, agora se vê no centro de uma crise que ultrapassa as fronteiras brasileiras. Após ter seu passaporte apreendido por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022, Zambelli está foragida e, segundo informações de bastidores, teria deixado o país antes da ordem judicial, possivelmente rumo à Argentina ou Paraguai. A ausência e o silêncio da deputada colocam o ex-presidente Jair Bolsonaro em uma posição delicada no cenário internacional.
Zambelli é investigada pela Polícia Federal por suposta participação ativa nos atos que culminaram na invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023. Segundo apurações, ela teria mantido contato com militares e financiadores do movimento antidemocrático, além de propagar teorias golpistas em redes sociais e grupos privados.
A decisão do STF, que determinou a apreensão de seus documentos e a proibição de deixar o país, foi tomada após a coleta de indícios de que Zambelli poderia tentar escapar da Justiça brasileira. Ainda assim, há indícios de que ela tenha embarcado para fora do Brasil dias antes da operação da Polícia Federal. A suspeita se intensificou após a parlamentar deixar de comparecer a sessões da Câmara e evitar qualquer aparição pública ou virtual.
Fontes ligadas ao Itamaraty revelaram que o governo Lula já está em contato com autoridades de países vizinhos para obter informações sobre o paradeiro da deputada. Caso se confirme que ela atravessou fronteiras de forma irregular, o Brasil pode acionar mecanismos internacionais, como a Interpol, para solicitar sua extradição. A situação, além de gerar embaraços diplomáticos, cria constrangimento para Bolsonaro, que tem evitado comentar o caso publicamente.
Internamente, a cúpula do PL avalia que o caso de Zambelli prejudica ainda mais a imagem do bolsonarismo, especialmente em meio às outras investigações que cercam figuras importantes do grupo, como o próprio ex-presidente, o general Braga Netto, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Há, inclusive, movimentações dentro do partido para que Zambelli seja pressionada a renunciar ao mandato, ou ao menos se licenciar até que sua situação seja esclarecida.
Enquanto isso, nas redes sociais, aliados de Zambelli mantêm o discurso de que ela está sendo vítima de “perseguição política”, mas não conseguem explicar seu sumiço repentino. O caso virou pauta na imprensa internacional, com veículos como El País, The Guardian e Le Monde destacando a fuga da deputada e suas possíveis implicações diplomáticas e legais.
Com um mandato sob risco, uma investigação em curso e o nome circulando em círculos diplomáticos internacionais, Carla Zambelli se tornou um incômodo para Bolsonaro e um símbolo do desgaste político do bolsonarismo após os episódios golpistas. Para muitos analistas, o caso pode ser um divisor de águas para a direita brasileira: ou se descola de figuras radicais como Zambelli, ou continuará enfrentando o peso de escândalos que minam sua credibilidade.
