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Bolsonaro exibe tornozeleira eletrônica na Câmara e desabafa: “Máxima humilhação”

Em um episódio que causou alvoroço nos corredores de Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu à Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (22) e surpreendeu ao mostrar publicamente a tornozeleira eletrônica que passou a usar por determinação da Justiça. A cena, carregada de simbolismo, foi acompanhada por parlamentares aliados, opositores e jornalistas, e gerou um verdadeiro turbilhão político.

Durante sua breve passagem pelo local, Bolsonaro levantou a barra da calça e revelou o equipamento, instalado em seu tornozelo direito. Com semblante sério e visivelmente incomodado, ele desabafou diante de aliados: “É a máxima humilhação que eu poderia viver. Nunca imaginei isso.”

A tornozeleira foi imposta após decisão do Supremo Tribunal Federal, como parte de medidas cautelares no processo que investiga suposta tentativa de golpe de Estado, falsificação de documentos e articulação de uma rede de desinformação. Desde que deixou a Presidência, Bolsonaro se tornou alvo de diversos inquéritos e já teve o passaporte apreendido, além de restrições de comunicação com outros investigados.

No plenário, o gesto do ex-presidente foi interpretado de formas distintas. Enquanto apoiadores o aplaudiam e classificavam a cena como um “ato de coragem”, parlamentares da oposição afirmaram que Bolsonaro tentava transformar um ato judicial em espetáculo político. “Ele está fazendo disso um palanque. A tornozeleira não é símbolo de perseguição, é consequência da lei”, disse uma deputada do PT.

Bolsonaro, por sua vez, reforçou o discurso de que é vítima de perseguição política. “Querem me calar, querem me destruir. Mas sigo firme, com a cabeça erguida. Não tenho vergonha, porque o povo sabe quem eu sou e tudo o que fiz por este país.”

O momento também foi marcado por tensão. Um grupo de parlamentares tentou se aproximar para confrontar Bolsonaro, mas foi contido por seguranças. Do lado de fora, manifestantes pró e contra o ex-presidente se aglomeraram com faixas, gritos e bandeiras, reforçando a polarização política que continua acirrada mesmo após o fim de seu mandato.

Analistas políticos apontam que a estratégia de Bolsonaro é clara: transformar sua condição de réu em capital político, mobilizando sua base e se vitimizando perante o eleitorado. “Ele está jogando com o símbolo da tornozeleira. É uma jogada arriscada, mas eficaz entre os fiéis seguidores”, avaliou um cientista político ouvido pela imprensa.

A exibição da tornozeleira acontece em um momento decisivo para o futuro político de Bolsonaro. Além das investigações criminais, ele está inelegível até 2030, mas ainda é o principal nome da direita conservadora no Brasil. A dúvida que paira no ar é: até onde ele conseguirá manter seu protagonismo político, mesmo sob as amarras da Justiça?

Por enquanto, o gesto do ex-presidente ecoa pelo país como mais um capítulo controverso de sua trajetória. E, como ele mesmo declarou: “A luta ainda não acabou.”

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